Panorama do Café no Brasil

Panorama do Café no Brasil

O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, a quantidade que produzimos representa em torno de impressionantes 40% da produção mundial, muito não é? Mas nada como mostrar os números. Para se ter uma noção, em 2020 o mundo consumiu 166 milhões de sacas de 60 kg, dessas, o Brasil produziu aproximadamente 67,97 milhões de sacas de café de 60 kg.

Essa história teve início no século XVIII. A primeira muda de café chegou ao país em 1727, trazida da Guiana Francesa para o estado do Pará. No entanto, foi apenas a partir do início do século XIX que a cultura cafeeira se desenvolveu de maneira significativa, especialmente nas regiões do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

O café rapidamente se tornou uma cultura de grande importância econômica para o Brasil, foi graças a ele e a cana de açúcar que nosso país se desenvolveu e industrializou. No final do século XIX e início do século XX, a produção e exportação de café se intensificaram, esse período ficou conhecido como a "Era do Café" e contribuiu para a expansão das ferrovias, o crescimento das cidades e a consolidação da economia brasileira. Era o café que movimentava tudo e todos, o Porto de Santos por exemplo, em São Paulo, da Era do Café até os dias de hoje é o principal porto do Brasil que escoa a produção para o restante do globo. 

Desde então, o Brasil, em termos brutos, tornou-se o maior produtor e exportador de café arábica e robusta do mundo. O segundo maior produtor de café arábica do mundo é a Colômbia (em média 11,08 milhões de sacas de 60 kgs), e o segundo maior produtor de café robusta do mundo é o Vietnã (em média 32,5 milhões de sacas de 60 kgs). O café arábica é cultivado em altitudes mais elevadas, o que resulta em grãos de sabor mais suave e aroma mais refinado. Representa a maior parte da produção brasileira e é mais valorizada no mercado internacional. O robusta é cultivado em altitudes mais baixas, sendo mais resistente e bem produtivo. São comumente utilizados na produção de cafés solúveis e blends.

A cultura cafeeira se espalhou por diferentes regiões do país, adaptando-se às condições climáticas e de solo favoráveis ao cultivo. O mercado de café é um setor imenso, que segue aquecido e é muito maior do que você imagina. Dentro de cada xícara que tomamos existem várias mãos e caminhos pelos quais o café passa e que muitas vezes a gente não fica sabendo nem que existem.

As principais regiões produtoras de café são o Sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro, Matas de Minas, Mogiana Paulista, Sul do Espírito Santo, Bahia e Rondônia. Como você pode ver, a maioria está localizada em Minas Gerais, Estado que tem uma produção anual média de café que varia entre 25 milhões e 30 milhões de sacas de 60 kg.

No ano de 2022, o Brasil foi responsável pela produção de aproximadamente 67 milhões de sacas de café de 60 kg. 70% delas foram de arábica e 30% de robusta. Atualmente o Brasil exporta e mantém relações com 145 países, até os 5 maiores produtores de café do mundo (depois do Brasil, claro) também compram café brasileiro. Uma média de 83% de cada safra é destinada ao mercado internacional, e destes de acordo com a OIC, apenas 20% são sacas de café especial. Esse número em termos globais já nos dá mais uma vez o pódio, já somos os maiores em entregar ao mundo cafés de 80+.

Na nossa história, a quantidade a ser produzida sempre foi determinante para a economia e para as pessoas que trabalham com o café, em alguns casos cidades inteiras se desenvolveram e ainda hoje dependem da mão de obra que a safra proporciona. Com grandes extensões de terra produtiva a atenção para com a qualidade ainda está a passos curtos se comparado à quantidade bruta da produção brasileira.

Enquanto que outros países produtores, com menos extensão de terras, fazem qualidade com maestria. Quem não tem muito espaço e alta produção precisa agregar valor ao produto, é assim que muitos pagam suas despesas, o café é a fonte de renda número um de famílias inteiras. A qualidade é para outros países produtores a única forma de subsistência, ainda mais que em algumas regiões eles só terão a chance de colher café por um curto prazo no ano.

Hoje o mercado consumidor tem se tornado mais exigente com a qualidade da xícara que compram, qualidade essa medida em tabelas de pontuações específicas para café, com descritivos de bebidas e atributos, como o corpo, acidez e harmonia. Isso ainda está longe da maioria das sacas que entregamos ao mundo, a tabela de classificação brasileira é categorizada por defeitos na bebida e não por qualidade que a diferenciam e qualificam como bebida de especialidade. 

Estamos começando a colheita da safra de 2023, temos diferenças de solo, manejo, altitude, clima, etc, afinal o Brasil é um país bem grande e influente para todos nós que gostamos de um bom cafezinho. Temos uma inigualável capacidade de produção e somos fornecedores para uma imensa demanda internacional, o momento é valoroso para os produtores que querem investir em qualidade.

A diversidade de sabores e perfis de café especiais produzidos no Brasil permite que os consumidores ao redor do mundo desfrutem de uma ampla variedade de opções. As fazendas que investem em qualidade estão participando de uma nova forma de comercializar esse produto e desempenham um papel fundamental para o futuro mundial do café. Produtores entendendo de técnicas e processamentos que intensificam a qualidade, abrem oportunidade para outros também participarem desse movimento, junto de classificadores e degustadores, torrefações, traders, importadoras e instituições que juntos podemos fazer um trabalho com uma capacidade de retorno ainda difícil de estimar. Fazemos apenas 20% da produção anual de sacas com qualidade especial, imagine quando dobrarmos esse número?

 

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